O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lançaram nesta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025, o edital para a construção do túnel entre Santos e Guarujá, no litoral paulista. O evento, realizado em Santos, marcou o fim de um impasse entre os governos federal e estadual sobre a condução do projeto. Após uma reunião em Brasília no início do mês, ambos decidiram que o governo paulista ficaria responsável pelo edital. A obra, orçada em R$ 6 bilhões, será dividida igualmente entre União e estado. Esse passo concretiza um sonho de quase um século na região. A expectativa é que o leilão ocorra em 1º de agosto de 2025.
Com 1,5 quilômetro de extensão, sendo 870 metros submersos sob o canal do Porto de Santos, o túnel será o primeiro do tipo no Brasil. Ele contará com três faixas de rolamento por sentido, incluindo uma adaptável para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia e passagem para pedestres. A travessia, que hoje depende de balsas ou de uma viagem de 50 minutos pela rodovia, será reduzida a apenas um minuto e meio de carro. O projeto promete desafogar o tráfego na Rodovia Cônego Domênico Rangoni e priorizar o canal para navios. Mais de 2 milhões de pessoas devem ser beneficiadas diretamente. É a maior obra do Novo PAC.
A parceria entre Lula e Tarcísio reflete um esforço para superar diferenças políticas em prol de um objetivo comum. Há duas semanas, em Brasília, os líderes resolveram o embate sobre quem lideraria o edital, com o governo federal cedendo ao pleito paulista após negociações. Cada parte investirá R$ 3 bilhões, e a empresa vencedora do leilão assumirá construção, operação e manutenção, incluindo a cobrança de pedágio. O início das obras está previsto ainda para 2025. O acordo foi selado com pragmatismo, apesar do histórico de oposição entre os dois. O evento em Santos simbolizou essa união temporária.
Idealizado há cerca de 100 anos, o túnel Santos-Guarujá é um marco histórico para o litoral de São Paulo. Desde 1927, quando se cogitou uma passagem para bondes elétricos, o projeto enfrentou adiamentos e disputas. Agora, ele ganha forma com tecnologia inovadora, sendo o maior túnel imerso da América Latina. A obra aliviará o trânsito diário de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres que cruzam a região. A promessa é melhorar a mobilidade e impulsionar a economia local. O lançamento do edital reacende a esperança de concretização.
O evento de lançamento reuniu autoridades e moradores em Santos, destacando a relevância da obra para o Brasil. Lula e Tarcísio subiram ao mesmo palanque, um gesto raro em tempos de polarização política. O presidente enfatizou o compromisso com o desenvolvimento, enquanto o governador celebrou a parceria com a União. O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o modelo na véspera, definindo o túnel como projeto de mobilidade urbana sob gestão estadual. A presença de ambos no anúncio reforça a importância estratégica da iniciativa. A população local acompanhou com entusiasmo.
A construção do túnel traz benefícios logísticos e econômicos significativos para o Porto de Santos, o mais movimentado do país. Ao liberar o canal para navios de carga e passageiros, a obra deve aumentar a eficiência portuária, essencial para o comércio nacional. Além disso, a ligação seca entre Santos e Guarujá reduzirá custos de transporte e tempo para trabalhadores e turistas. A concessão, válida por 30 anos, prevê pedágio, mas o impacto positivo na região é visto como justificativa. O projeto é um divisor de águas para a infraestrutura brasileira. A expansão do porto ganha novo fôlego.
As negociações entre os governos começaram em 2023, marcadas por tensões sobre a autoria da obra. Inicialmente, Lula planejava executá-la apenas com recursos federais, o que irritou Tarcísio, defensor de uma parceria. Após encontros em Brasília, prevaleceu o modelo híbrido, com divisão de custos e gestão paulista. O entendimento foi costurado com a mediação de ministros como Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. A resolução do impasse demonstra pragmatismo em um contexto de rivalidades políticas. O túnel se tornou um símbolo de cooperação improvável.
O lançamento do edital abre caminho para o próximo estágio: o leilão na B3, em São Paulo, previsto para agosto. Empresas interessadas já sinalizam participação, e o governo espera agilidade na execução, com obras começando ainda em 2025. A obra, parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é vista como vitrine para Lula e Tarcísio, que miram ganhos políticos futuros. Apesar das diferenças ideológicas, o projeto une os dois em um esforço conjunto. Para os moradores da Baixada Santista, o túnel é mais que infraestrutura: é a realização de um sonho antigo. O futuro da região começa a tomar forma.
